Sempre que faço algo diferente do rotineiro, minha cabeça explode de questionamentos, ideias, pensamentos diversos que não me deixam em paz enquanto não postos em prática ou, pelo menos, despejados aqui. Não que visitar meu namorado seja tão fora do comum assim, já que viajo sempre que posso para vê-lo. Mas um pulinho fora do meu cotidiano sem graça e sem surpresas me faz tão bem e tão "limpa", que a minha mente - o meu mundo - desabrocha para novos caminhos.
Pouco antes de pegar o avião rumo à felicidades, dei de cara com este post da Dani. Lá ela desabafa um pouco sobre a vida no "piloto automático" que está levando e em como não se reconhecia nesse estado de inércia. Super me identifiquei, né? De vida parada e superficial o meu eu está cheio. Só que, assim como a Dani, eu não acredito que ainda continuo neste mesmo lugar. Porque já não chutei o pau da barraca e me fiz dona da minha própria vida. Esse negócio de deixar que o que está em volta tome conte do que está por dentro é pura roubada. Você perde totalmente o controle de si mesmo - e não para o lado bom.
E aí vem aquele negócio de "ser e estar feliz". Eu sou uma pessoa feliz. Tenho saúde, uma família bacana, um namorado ótimo e, apesar da precoce morte do meu pai, tenho todas as coisas boas que ele me deixou cravadas em mim. Mas, neste momento, eu não estou feliz. Estou vagando por uma vidinha mais ou menos, vivendo de fora pra dentro e não de dentro pra fora. Deixei que as responsabilidades financeiras - o dinheiro, sempre ele, a desgraça do mundo - me conduzisse como marionete e, por isso, me humilho todos os dias num emprego que só me causa tristeza. Ainda bem que já aprendi a não dar ouvidos aquelas pessoas que, por viverem uma vida de merda, acham que todos a sua volta devem viver também (mas isso é assunto para um post que sairá em breve).
Mas a "preguiça" de sair desse casulo de lamentações parecia me dominar e eu não queria que isso acontecesse. Por isso viajei com a certeza de que esse tempo off seria não somente para me divertir, mas também para pensar sobre o que eu faria quando pisasse em casa de novo. E eu pensei. Mas confesso que tive a ajuda da Marjorie Estiano nesse processo de mudança. Calma, eu explico. Visitei a Livraria Cultura e a moça do caixa perguntou se eu queria a revista - de distribuição gratuita - do mês. Como é uma das revistas que eu mais gosto, respondi que sim na hora. Aproveitei o tempo ocioso que tinha enquanto esperava o namorado fazer uma prova na faculdade para lê-la. No recheio da revista dou de cara com uma entrevista linda da Marjorie Estiano. Uma entrevista que parecia ter sido realizada com essa intenção: fazer as pessoas pararem, pensarem e mudarem. Pelo menos foi esse o efeito que causou em mim, uma espécie de epifania quanto ao que eu estava sentindo no momento, quanto ao que eu precisava fazer dali pra frente. A Marjorie é uma atriz e cantora talentosíssima e, depois dessa entrevista, pude perceber o quão inteligente e sensível ela é. Toda a entrevista é muito bacana, mas grifei aquelas partes que gritaram ao meu ouvido como um despertador de vida.
E é isso mesmo, sabe, às vezes a vida que a gente leva já não leva a gente. E eu me vi muito nessa frase: estou, definitivamente, no limite dessa vida atual. Preciso de uma nova motivação para uma nova vida. Na verdade, eu preciso do primeiro passo, porque motivação eu tenho. Sei porque quero mudar, tenho um objetivo. Mas agora eu preciso me vestir de coragem.
Sábia Marjorie! Já zerei toda essa vida, o saco já tá cheio, já completei todo o álbum. Agora eu preciso da falta, preciso daquela eterna busca. Porque eu quero me sentir viva.
Porque essa razão tá ferrando tudo. Não só não me leva a lugar algum, como me faz uma pessoa amargurada e reclamona. E esse é o tipo de pessoa que definitivamente eu não quero ser.
Fiquei muito feliz de ler essa entrevista. Percebi que quando a gente quer e está muito certo de uma coisa, o mundo conspira a favor. Encontrei certezas nas palavras da Marjorie. Ela não me conhece, nem sabe que eu existo, mas alguma força divina tava cruzando os dedinhos para que eu lesse essas páginas. Para que eu me identificasse e tomasse a dose de coragem para fazer acontecer o diferente. Eu sei que não vou me mudar pra Austrália, comprar um trailer e vender churros ou viver da terra em algum confim desses por aí. Eu sei que a mudança será pequena e imperceptível aos olhos alheios, mas isso é o que menos importa. Na verdade isso não importa, dane-se todo mundo. Eu sei que a mudança será grande e imensamente satisfatória dentro de mim.
"sabe, às vezes a vida que a gente leva já não leva a gente. E eu me vi muito nessa frase: estou, definitivamente, no limite dessa vida atual. Preciso de uma nova motivação para uma nova vida. Na verdade, eu preciso do primeiro passo, porque motivação eu tenho. Sei porque quero mudar, tenho um objetivo. Mas agora eu preciso me vestir de coragem."
ResponderExcluirCaralho Mari, ontem eu não consegui chegar na metade do texto, hoje li de uma vez só e precisei reler, aos pratos. E esse trecho acima me descreve, to insatisfeita quero mudar mas falta coragem. Eu cheguei no meu limite e preciso sair do modo automático.
Espero que a sua mudança seja satisfatória, te cuida!
Beijos
Não chore, Ari. Se tem uma coisa que eu aprendi é que a gente tem que criar coragem. Mesmo sem saber o que ela come. Hahahah! Quando o seu objetivo estiver bem claro, mudar será bem mais fácil do que vc imagina.
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